terça-feira, 15 de abril de 2014

Voz

Gosto de derramar meus excessos! Exponho minhas contradições porque a sensibilidade me acompanha! Que essa seja minha companheira! Que ela me dê voz! Quando tenho voz, ganho força. Sem voz me esvaio e me vejo desfalecer!
Sou dor e só terei alívio dessa experiência agonizante, vida, com a morte!
Enquanto isso vou me esgarçar e se preciso... Gritar!
Sou carne ferida! Sou faces milhares!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Entre a Podridão

Aprender em sua maior parte traz sofrimento... Quem sai em busca de boas emoções, geralmente passa pelo longo caminho da decepção, da dor, do sofrimento, tentando encontrá-las. Refletir sobre aprendizado, me faz lembrar de varias situações humilhantes. As vezes me sinto em cena de filme com alucinações psicóticas. Vejo bocas gargalhando, gritando e diferentes expressões faciais. Todas as expressões que já existiram em minha vida! Talvez essas lembranças venham se aflorando pelo simples fato de situações semelhantes terem voltado a acontecer.
Toda noite eu penso o quão  humilhante e vergonhoso pode ser o processo de aprender... embora nos transforme e nos empodere! Muitas vezes, me sentindo desiludida na transformação do mundo, caminho num sonho de encontrar a paz em mim mesma, num lugar tranquilo, mais conhecido como "meu lugar ao sol", mas, quanto mais pessoas encontro, leio e assisto noticias sobre o mundo, mais a realidade se concretiza, fazendo desaparecer esse caminho e simplesmente, o sonho se transforma naqueles pesadelos caindo num abismo!
Quando saímos em busca da troca, muitas vezes saímos com uma visão romântica do que iremos encontrar. As vezes imaginamos que iremos encontrar as portas e as pessoas abertas pra nós, mas nem sempre isso acontece. Carregamos conosco a imagem e os estereótipos do nosso país, que nem sempre, ajudamos a construir, mas a imagem reflete em nós.
Vou relatar aqui um ponto de vista extremamente pessoal, que parte de uma experiência pessoal. Infelizmente, até agora, tenho tido péssimas experiências com indianos, mas isso não significa que irei generalizar uma nação baseada em uma dúzia deles que cruzaram meu caminho. Mas uma dúzia, me deixou intrigada a ponto de relatar aqui. A primeira coisa que me incomodou foi o primeiro tratamento que eles me deram. Sempre com muita arrogância. Sempre com um certo desdém em relação a minha nacionalidade, até chegarem ao extremo como gritar, dizer palavras ofensivas sem nem mesmo me conhecer. Acho que não vem ao caso expor detalhes aqui. O que tenho percebido, é uma imensa subjugação em relação aos outros. Isso está relacionado à uma série de fatores e não é um comportamento exclusivo dos indianos, inclui outras nacionalidades e obviamente, os próprios brasileiros, mas, a freqüência dos fatos mais marcantes, vieram deles. Isso me faz refletir mais sobre o ser humano em geral, não importando a nacionalidade.
O que eles nunca esperam é encontrar alguém que argumente! Muitos imigrantes se vêem numa situação tão difícil, e de fato é difícil até que você se estabilize,  que acabam se subordinando. Eu nunca tinha percebido a força da argumentação tão intensamente. Pessoas que argumentam tendem a ser odiadas. Confesso, que próximo dos meus trinta anos de idade, estou mais que cansada da falta de justiça e respeito. É bem difícil ficar calada em várias situações. Ainda assim, tenho engolido muita coisa... Mas tenho expelido muitas outras.
Quanto mais eu tenho aprendido sobre diferentes culturas, diferentes pessoas e muitas vezes  chego a admirar a convicção com que defendem seus  argumentos para aquilo que chega a ser ridículo, como a opressão feminina, defendida com os argumentos que já conhecemos, baseados no "cuidado". Ainda me surpreendo como eles  enxergam ou não enxergam seus mundos. Tenho perguntado a algumas mulheres o que elas pensam sobre suas condições e a unica resposta que obtive até agora foi: São as nossas tradições!
As bases de podridão no mundo estão bem consolidadas. Não existe espaço para a reflexão. Somos julgados a todo o momento pelo estereótipo que o próprio Brasil construiu. Sofremos pelas bases bem fundamentadas do racismo, que muitas vezes não são explícitas, mas se fazem presentes. Ainda posso acrescentar as bases do machismo ligado a comercialização da mulher brasileira, onde sofremos várias abordagens como se fossemos todas prostitutas (só lembrando, DEFENDO o direito das mulheres de fazerem o que elas quiserem com seu próprio corpo). É bem maçante ter que explicar as construções de estereótipos pra alguém que te vê como uma mercadoria.
As concepções maquiavélicas estão bem estabelecidas, as pessoas não se reconhecem como humanos uns nos outros. Está  tudo concretizado em castas e classes e nenhum interesse é maior do que o que em si próprio.  A estupidez humana, de fato, não tem limite!

Élida Regina