quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Invisibilidade

Parece que nada marcou de fato.
Os projetos inacabados,
os sonhos apenas sonhados...
Eu, que sou escuridão por dentro,
transparecida pelo nada...
Fui apagada!

Sou um pontinho preto
Na escuridão!

Fui grandiosa, fui atriz,
fui rainha...
O tempo se foi sem companhia.
E eu, nem  pude rever meus 'eus'.

As grandiosidades eram EU!
Onde eu me encontro?
Naquele baú escuro,
no quarto escuro da minha vó?

Sou uma anomalia
nessa estranha atmosfera!

Tive atos de bravura e coragem,
me orgulhei e quando olhei pra trás...
Eu vi...O nada!
Nem mesmo solidão!

Sou um pontinho preto
Na escuridão.

Amei, odiei, sonhei, acordei, protestei,
compadeci, agi, desisti, calei, obedeci,
respondi, contrariei, argumentei, errei,
acertei, aprendi, aprendi e aprendi.
E tudo isso ficou,
ficou nessa escuridão interna...
Que eu e eu, nem me encontro,
me sinto por perto,
mas não me vejo...
não me veem.

Eu me via explosão constante,
mas na verdade,
sou implosão cortante!
Sou  imensa, quase infinita,
Sou cosmopolita.

Como sou possível?
Estou eu em transe?

Acordo,
caminho pela rua,
vejo pessoas,
a vida segue...

Um trabalho maçante,
uma vida mesquinha,
um egoismo marcante...
Uma pessoa vazia?
Não, eu Não!

É hora de dormir.
As imagens de humanos desumanos
me pertubam, me assustam...
Mas...
'Bora' sonhar que a realidade
não mudou não!

Sou um pontinho preto
na escuridão.

Élida Regina Pereira

Texto  publicado  no  projeto  Palavra  é Arte - Poesia 100 ed.

6 comentários:

  1. Puxa vida... Muito, muito, muito legal! Bravo, Élida! Mesmo!

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    1. Obrigada Flávio! Talvez você tenha capitado um pouco do que eu senti quando escrevi esse texto! Obrigada mesmo... significou muito suas palavras! Abraços!

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  2. A convulsão que precede a libertação... um passo adiante...
    Sobra dentro de mim um pasmo diante das cores que irradiam desta nova Élida que aos poucos vou revendo... Um pasmo que traz uma esperança imensa e silêncio profundo...
    Gratidão, Élida. A poesia encanta e ressignifica.

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