sexta-feira, 11 de outubro de 2013

CHOVEU

Choveu...
E eu... no breu,
No EU!

Doeu...
Marcou, cortou,
sangrou!

Fechou...
Insistiu, chamou,
gritou!

Travou...
Rangeu, resistiu,
Tremeu!

E...

Estancou!
Ouviu!
Abriu!

Choveu Dor...
Brotou amor!

Floriu...
Coloriu...
Expandiu...
Explodiu!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Degraus

Fina Chuva... molhe minha pele e mostre-me o que é viver!
Desça vagarosamente da imensidão e elegantemente retribua esse afeto.
Formoso Vento ... Me ajude a respirar e soprar das minhas entranhas todos os dias a força dos meus ancentrais. Ancentrais, que me ensinaram e me ensinam que a dor é só um degrau da vida... Ainda há tantos outros!
Eu, o Formoso Vento e a Fina Chuva num diálogo constante sobre sermos os mesmos, numa diferente atmosfera.
E nessa conexão, Natureza e Eu...
Nem tudo precisa ser dor. Há uma multidão de pessoas, amigos, histórias, referências e amores pulando "aqui dentro" e dizendo: VITORIOSA!


Élida Regina

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sedutoramente

Vem em minha direção, caminhando elegantemente, sedutoramente me olhando. Ele não tem medo, não tem pena. É determinado, imponente. Sua presença, não passa despercebida. Todos comentam...
Determinado a me envolver... Se torna consistente, rígido, duro! Seus toques começam leves como vento e vão se transformando num objeto consiso. Vagarosamente me penetra, contornando minha profundidade, deixando minhas carnes trêmulas e meus ossos doloridos. Tudo com ele tem mais sabor. As taças de vinho são charmosas e mais desejadas, o calor humano é amplamente requisitado, cobertores se tornam aliados e extensão da própria pele. Quanto mais ele se aproxima, mais possibilidades são criadas para aquecer o charme, o desejo, o calor humano e a extensão da pele e tudo isso, se tranforma em prazer.

Frio... Não posso negar, és extremamente sedutor! 


Élida Regina

Uma pausa!

Uma convulsão de acontecimentos e sentimentos me mostram como sou humana e limitada. Inserida em um dos momentos mais felizes da minha vida, meu corpo, de tanta euforia deu sinais de alerta. Minha mente num movimento frenético de quase vinte quatro horas por dia, não me dando tempo nem quando estou dormindo, tornou minha cabeça tão pesada a ponto dos ombros e pescoço sentirem dificuldades para suportá-la. A prescrição é relaxar, mas relaxar é uma das tarefas mais difíceis nesse momento. Quanto mais penso em relaxar, mais voltas meus pensamentos dão em torno das minhas escolhas, vivências e expectativas. 

Dar uma pausa na atividade que já venho fazendo há algum tempo, me coloca numa retrospectiva para análise. Ser professora por esse tempo da minha vida me deu alguns momentos de alegrias, muito aprendizado, mas o que mais tive em exercício foi frustração. Frustração comigo mesma, com os outros e com o sistema. Passado agora essas frustrações, fica a lição de que, de fato, as relações de ensino aprendizado são à base de trocas, trocas humanas. Se tudo vai mal, todos são responsáveis. Principalmente eu, por não ter ousado mais, enfrentado mais esse sistema de alienação. O fato é, todos os envolvidos tem sua parcela de contribuição. 

Apesar de tudo, me sinto mais viva do que nunca, cheia de anseios por novas vivências e principalmente cheia de  coragem. Depois de uma vida inteira com inúmeras pessoas querendo me mostrar que eu era incapaz, provei a mim mesma que SOU CAPAZ!

A conclusão que cheguei, me diz que quem mais aprendeu e evoluiu nessa experiência, fui eu mesma!

ESTOU PRONTA!



Élida Regina

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Criação

Brota a imaginação,
Semeada pelo texto
Sempre regada quando leio.

Cresce a inspiração,
Amparada pelo apreço
Quando me deparo com o roteiro.

Floresce a criação,
Enraizada no contexto
De textos e roteiros alheios.

Surge então a admiração,
Pelos escritores e criadores
Que em mim semeio.

Élida Regina

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Solidão a mais de um

Eu já disse que o isolamento só quero se for na ilha que se chama OUTRO. Mas, ando revendo como seria esse outro. As relações humanas são tão complexas, que mesmo sabendo que não quero viver  no isolamento, o contato com outras pessoas me torna aflita.
O que acontece? Demandamos força para manter um relacionamento humano com alguém e de repente... estamos sós! Uma sensação que causa dor a muitos, alguns esperneiam por isso, outros choram por não se sentirem amados, por não terem seus sentimentos correspondidos. Só pra lembrar, estou falando de relacionamento humano, independentemente da forma que vincula.
Não é nada agradável, quando estamos quase explodindo de felicidade por algo, queremos comemorar e  quando olhamos pro lado... ninguém! Nenhuma pessoa, que você pensou que estaria feliz também, está  lá! Ou numa situação mais comum, quando estamos tristes ou numa situação difícil, precisando de alguém e a unica pessoa que você pode contar é você mesmo.
Dialogando sobre isso, uma pergunta me foi feita: Se você estivesse numa situação que pudesse "salvar" a vida de apenas 3 pessoas, quais seriam as pessoas e quais seriam seus critérios de "salvação"? Não dá pra negar, que é uma questão que nos deixa num dilema muito grande, mesmo sendo uma situação hipotética. Além de nos mostrar que existe uma eleição de prioridade de queridos, tanto de nossa parte, como de outras pessoas.  A situação ainda nos incube a difícil (ou impossível) missão de preservar a vida de alguém sem egoismo. Até por que, a vida tem sentidos diferentes para cada um, não posso pensar apenas no que eu gosto e as pessoas que quero mais perto de mim para tomar uma decisão assim. É difícil não errar!
Ando pensando sobre o bem  que a solidão me traz e coincidentemente, no meio dessa reflexão  me foi apresentado Rainer Maria Rilke, que tem uma opinião muito valorizadora da solidão. Ele discorre sobre ela, mostrando como podemos nos humanizar nos momentos que estamos sós. Estar sozinho  e se focar pra dentro de si, pode te trazer resultados maravilhosos. As pessoas podem, inclusive, independentemente do gênero, ter a experiencia de dar à luz. Ele me diz o seguinte:
"Mesmo que se engane, o desenvolvimento natural de sua vida interior há de conduzi-lo devagar, e, com o tempo, a outra compreensão. Deixe a seus julgamentos sua própria e silenciosa evolução sem a perturbar; como qualquer progresso, ela deve vir do âmago do seu ser e não pode ser reprimida ou acelerada por coisa alguma. Tudo está em levar a termo e, depois, dar à luz."
Ouvir estas palavras me reconforta e me põe numa reflexão. Estou eu a pensar a solidão com o outro?

Élida Regina

sábado, 8 de junho de 2013

Delírio



Minha mente e meu corpo trabalham em ritmos diferentes. Quero tudo pra ontem, planejo uma coisa aqui, analiso outra ali, executo uma coisa aqui e quando faço o balanço, percebo que meu corpo não fez a parte que lhe cabia.

Será que há algo desconexo? Desconfio que sim! O corpo não é comandado pela mente? Entendo que, minha mente está orientando meu corpo. Está ou não está? Hum... Será? Ela anda me enganando... Acabo de constatar!

Esse corpo tem uma rebeldia cravada em suas carnes. Confesso que a rebeldia me alegra! Afinal, essa carne é uma parte minha, e saber que eu me rebelo contra mim mesma, me enche de orgulho!
Estranho isso, não é? Me faz voltar na questão da contradição.

Se quero algo, se preciso de transformação, preciso também que minha mente e meu corpo estejam em harmonia, trabalhando coletivamente para o resultado esperado. Mas se eles divergem entre si, fica difícil!

É bacana pensar que cada um age por si. Mas não é! Sabe por que? Um depende do outro para se fazer existir. Se minha mente cria e meu corpo não auxilia na execução, ambos, são obra e carne mortas.

O existencialismo me ensinou, que posso ser imortal. Como serei imortal com unidades tão desconexas? Se não me faço existir, nenhum vestígio meu sobrará sobre essa terra. Portanto, meus queridos, corpo e mente, tratem de entrar em acordo! Todo mundo terá que ceder!

Élida Regina

Sessão Musical - Vanessa Moreno


Conheci a lindíssima voz de Vanessa Morena, exatamente aqui, na internet. Me encantei pela sua musicalidade. Pra mim, ela é uma espécie de Esperanza Spalding brasileira, com muita originalidade. Refinada, cheia de charme... Encantadora! Fiquei extremamente feliz ao ouvi-la cantar "nota de falecimento", composição do amigo Daniel Pessoa (um músico maravilhoso, que em breve falarei dele aqui. Por enquanto, vocês podem visitá-lo no youtube ou no itunes). Vanessa faz parceria com o baixista Filipe Maróstica. 






Um blog da própria Vanessa (me parece desatualizado), nos conta um pouco de sua trajetória musical. Segue:

"Vanessa Moreno estudou canto erudito na “Escola Municipal de Música” (2006) em São Paulo e com 19 anos, em 2007, ingressou no curso de canto popular da antiga ULM (Universidade Livre de Música Tom Jobim), onde em 2008 participou do “III Festival de Música Popular” da mesma e ficou com o primeiro lugar na categoria “Solista Vocal” e o prêmio de “Melhor Arranjo”. 

Já participou de festivais pelo Brasil, recebendo premiações com o quarteto vocal Karallargá do qual faz parte e recém lançou seu primeiro CD, é cantora e percussionista do quarteto feminino Julietas, tendo participado do renomado “Festival de Inverno de Paranapiacaba” e abrindo o show da cantora Paula Lima, ambos no ano de 2007. 
Participa do trabalho cancional do contrabaixista Rogério Botter Maio. No projeto "Saraivada", com o violonista e compositor Chico Saraiva e ao lado do percussionista Ari Colares, canta e toca percussão, assim como no grupo de forró de Zé Pitoco, onde faz vocais e também percussão ao lado da cantora Luciana Alves. Já cantou com grandes músicos como Toninho Ferragutti, Cléber Almeida (Trio Curupira), Arismar do Espírito Santo, Michel Leme, Filó Machado e outros.
Em 2010, foi convidada para gravar vocais no CD do “Trio Macaíba” (Beto Corrêa, Cléber Almeida e Ramon Vieira), do qual participaram também grandes nomes da música brasileira como Dominguinhos, Fábio Leal (Mente Clara), Fábio Gouveia (Trio Curupira), Nailor Azevedo – Proveta, Hermeto Paschoal, entre outros.
No mês de Julho deste mesmo ano participou do "I Festival da Canção - Em Cantos" da cidade de Ourinhos e, interpretando juntamente com os músicos Filipe Maróstica (que fez também o arranjo), Paulo Almeida e André Grella ficou com a primeira colocação com uma música sua e letra de Paula Mirhan. Em novembro do mesmo ano, na inusitada formação de baixo e voz com Filipe Maróstica, ficou com o quarto lugar na colocação geral e com o prêmio de Melhor Intérprete no Festival Botucanto.
Em Abril de 2011, tocou com o Grupo Karallargá na Virada Cultural (SP) e durante o ano fieram varias aresentações em Unidades da rede SESC do Estado de SP e em Julho do XI Festival de Inverno de Paranapiacaba. 
Desenvolve o trabalho em DUO com o baixista Filipe Maróstica, que em uma apresentação em Dezembro de 2011, contou com os convidados multi-instrumentistas Filo Machado e Zé Pitoco.
Dentre as apresentações do primeiro semestre de 2012, destacam-se: apresentação com o projeto “100 anos de Luiz Gonzaga” na Festa Junina no Viaduto do Minhocão (SP), apresentações com o grupo Karallargá em unidades do SESI pelo interior de SP, espetáculo poético-musical “Viniciarte” realizado no IX Festival da América do Sul em Corumbá (MS) e apresentações com o seu trabalho solo no Sesc Vila Mariana."


Vanessa está lançando seu primeiro Cd, que tem por título "Vem Ver". Dá uma olhada no teaser!
https://www.youtube.com/watch?v=5zBC8al5VCc

Me diz, instiga ou não instiga?
É, ou não é, mais um nome da Nova MPB brasileira!
Só posso desejar SUCESSO à boa música!

Élida Regina

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Vire a Mesa!



É triste estar no engesso do compromisso, da falta de gosto e de vontade. Não existe êxtase e muitas vezes nem aprendizado. É um corpo, arrastado pelos pés, com muita dificuldade, demonstrando seu desânimo e recebendo de troco inquietação, infelicidade, rancor e tristeza. Fazer o que não gosta, o que não tem prazer, é como jiló cozido... Amarga. Amarga as horas, os dias, os meses, os anos... A vida!
E a vida, já afetada pela amargura e acorrentada pela obrigação, pela responsabilidade e pelo outro, não dá muita alternativa pra recomeçar. É preciso muita coragem pra não morrer na amargura. Exige- se determinação e aberturas. Não é possível zerar tudo, sem dar um passo atrás. Com coragem, ganha-se lá na frente. 
Varias áreas da vida podem nos incomodar, pode ser uma amizade, um curso, um relacionamento ou qualquer outra coisa, mas o que mais pega, é sem dúvida, o emprego e questões atreladas as necessidades. Dois quesitos, que a política está intrínseca juntamente com suas contradições e amarras. Política, falso moralismo e sistema econômico na vida pessoal se torna um emaranhado difícil de desfazer. Uma reflexão daqui, outra dali. E a gente foge de uma coisa e se joga nos braços de outra, mostrando que é impossível  fugir da contradição. Não existe liberdade, são apenas opções. Opções num labirinto, que torcemos numa aflição agonizante para encontrar a saída. 
Pra mim mesma, eu digo:
Pra não morrer na amargura, no labirinto... Vire a mesa, faça o que parece loucura!  Lembre-se: "As vezes é necessário, um passo atrás, para dar dois a frente!"


Élida Regina

domingo, 2 de junho de 2013

Junho


Aaaah! Essa contagem em ciclos...

Um passo de cada vez e a gente vai alcançando. Muda-se o ciclo e a gente entra na contagem regressiva pra um momento aguardado, batalhado. Mais um mês começando e pensamentos se moldando. Cada dia que vai é um aprendizado, ou deveria ser. Dias mortos também vão e vem o lamento de ter passado em vão. Mas esse junho é especial... frio! 
Dias frios me deixam "encasulada". Os pensamentos se focam em si mesmos. A vida se contrai nela mesma. Sâo ótimos pra nos presentear com idéias ou apenas preguiça. 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Pontuação


Quando leio textos alheios,
Não sei se escrevo feio ou devaneio.   
Quero mostrar o que me parece bonito
Me deixar pontuar o infinito.

Quero eliminar os guardiões da escrita
E mostrar que escrevendo, sou desenhista.
Quero colocar pausa,
Encher de graça a palavra e  lhe dar asa.

Vou pontuar o percurso
Iluminar o  escuro
Correr livre pra  alegria
Inebriar de  luz e euforia
Eu e você... Sem ponto final
Sem regras, sem moral.


Élida Regina 


domingo, 26 de maio de 2013

Escolha

Tem horas  que a gente se perde na bagunça das peças que envolvem a vida. Um emaranhado de coisas nos envolvem e nós prepotentes de nós mesmos, achamos que estamos no controle de tudo, mas infelizmente muitas coisas fogem de nossa vista e controle. Temos nossas escolhas e metas bem traçadas, tudo caminhando como o planejado e eis que surge uma peça inesperada. O que fazer? A partir da peça inesperada, traçar uma nova meta e fazer novas escolhas. Caramba! Mas não é isso que fazemos a todo instante?! Não  sei porque tanta indignação de minha parte com essa peça! Ah, Élida, faça-me o favor!

Élida Regina

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Brigite, a enfezadinha!

Brigite era cheia de pose. Nunca sorria, tinha uma fala embrutecida, sempre com o pavio na venta. Quando se punha a falar era um discurso esbravejando sua fúria e ódio, com sua vida e todos que estavam a sua volta. Provocava sentimentos ambíguos nas pessoas. As vezes o público de seu discurso caia na gargalhada, outras vezes, era um constrangimento generalizado.
Brigite dava aulas de matemática para jovens e adultos. Tinha uma turma, onde os alunos tinham em media quarenta anos e eram questionadores. Reclamavam de tudo e de todos. Nenhuma aula era boa, nenhum professor era legal, não conseguiam aprender nada, e além disso estavam sempre metidos em confusões. Era a turma do barulho, literalmente.
Inicio de semana, segunda feira, Brigite, mal humorada como sempre, e sem vontade nenhuma de trabalhar, vai até a sala de aula e encontra aquele buchicho. Não diz nem boa noite, começa escrever na lousa enquanto o auê acontece  em suas costas. Ela finge que não vê e nem ouve.
O buchicho era por conta da pintura que havia sido feita na sala de aula, no final de semana. Os alunos consideraram que o cheiro de tinta estava forte, podendo os fazer mal. O representante de sala, sem pedir licença  à professora, foi até a direção, avisar que estavam se sentindo mal por conta do cheiro. A direção disse que tomaria providências. Brigite fingiu que não estava vendo nada. Os alunos, ansiando voltar pra casa, diziam que estavam cansados do dia trabalho e ainda questionavam porque tinham que ficar naquele cheiro forte de tinta que fazia a cabeça doer?!
A solução veio um pouco diferente do que eles pensavam, então eles NÃO perceberam que era a providência da direção. Faltavam uns quinze minutos para finalizar a aula de Brigite, que não havia aberto a boca, nem dirigido o olhar para a sala. Continuava a escrever na lousa, quando o  inspetor chegou na porta, pediu licença  e disse:
— Pessoal,  peguem o material e vão para a sala de vídeo!
Eles rapidamente guardaram tudo e foram. Brigite cheia de ódio, também foi. Chegou na sala de vídeo e não disse nada, continuou emburrada e sentou.
Todos os alunos olhavam pra ela e ela os encarava com um olhar matador. Faltavam dois minutos para finalizar a aula quando um corajoso perguntou:
— Professora, não vai passar um filme pra nós?
Ela enfurecida com a pergunta, respondeu com muita raiva, soltando fogo pelas ventas:
— Eu já estou vendo um filme, e se chama... O INFERNO DA MINHA VIDA! 
O sinal tocou. Fim da aula. Momento oportuno para ela se retirar  e outro buchicho começar.

Élida Regina

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sessão Musical - Ana Cañas

Hoje a vez é da cantora e compositora Ana Cañas, que já foi considerada pela crítica uma promessa para a música brasileira. A cantora teve contato com a música após os vinte anos de idade  e já tem três álbuns gravados. O primeiro álbum foi gravado em 2007, com o título "Amor e Caos", onde traz influencias de jazz e MPB, além de nos mostrar suas belas composições. O Segundo álbum "Hein?" de 2009, vem com a influencia do jazz, da MPB, do rock e reggae.  Ainda tem parcerias com Arnaldo Antunes, participação de Gilberto Gil e seu maior sucesso "Esconderijo". Seu terceiro álbum "volta" foi lançado em junho de 2012, todas as canções foram gravadas ao vivo com direção de iluminação de Ney Matogrosso. Esse trabalho foi todo produzido por ela. Sua voz é linda e tudo é minuciosamente cuidado com muito bom gosto. 
Não deixe de apreciar!!






Élida Regina

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sessão Musical - 5 a seco



A primeira vez que ouvi, foi numa propaganda no canal Multishow, do música importa, onde eles deixavam um trecho da música tocar, sem descrição de quem era, apenas o áudio. Foi assim, que os ouvi pela primeira vez e fui correndo pesquisar quem era. 
Eles são jovens violonistas, que revezam na bateria e no contra-baixo, com talento e dedicação. 5 rapazes que compõem, tocam, cantam e encantam. Leo Bianchini, Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni. 
Com pouco tempo de estrada, eles já gravaram com o consagrado Chico César, Lenine e também com Maria Gadú. Suas Músicas podem ser ouvidas por outras vozes da Nova MPB. 
As primeiras apresentações do grupo foram feitas de forma restrita, mas foi parar nas redes sociais e eles acabaram tendo o reconhecimento de seus talentos. Por isso, foi lançado o DVD "5 a seco ao vivo no auditório do  Ibirapuera". É mais um grupo que compõe a Nova geração da MPB (música popular brasileira). Juntos ou separados!

Não deixe de apreciar!



Élida Regina

O Rouxinol

Élida Regina


Um pássaro cantante chegou na minha vida. Cantou e encantou. Me inspirou  a pintar esse rouxinol. Marcou uma ruptura. É a fresta entre a tristeza e a alegria. 
Já cantou Milton Nascimento:
♫"Rouxinol tomou conta do meu viver, chegou quando procurei razão pra poder seguir."♪
Comigo também foi assim!



Élida Regina

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Coisas e amor de irmãs

Eu e ela brincávamos de maneiras diversas. Me lembro claramente de sua humildade em tudo. Todas as brincadeiras que eu propunha, ela aceitava. Era doce e sempre demonstrava seu amor por mim. Eu... já era o oposto, nada humilde. Tudo deveria ser como eu queria, senão... Eu batia, gritava, chorava. 
É estranho pensar nessas coisas. É como se eu estivesse agora, me observando na infância, da sala da minha casa. Não gosto do que observo. Vejo as dificuldades que tinha pra expressar sentimentos bons. Sempre que eu brigava com ela, me sentia mal. Sabia que não merecia minhas crueldades. Ela não esquece que me juntei com umas amiguinhas e ficamos falando baixinho porque a menina disse que ela era fofoqueira. Eu deveria ter defendido, mas não conseguia ver o todo. Simplesmente, entrei na infantilidade. Afinal, eu era uma criança.  Ela nunca esqueceu todas as vezes que eu a bati. E eu também não esqueci a primeira vez que ela revidou a minha crueldade, me dando um chute bem dado na canela.  Lembro de nós nos defendermos. Ninguém podia mexer com ela que eu me manifestava. Uma vez eu até escrevi uma cartinha para responder as provocações, mas não deu muito certo porque a pessoa levou a carta pra minha mãe. Aí já viu! Resultado: punição para as duas. Se minha mãe se manifestasse contra nós, nos uníamos contra ela, não que isso adiantasse alguma coisa. Tudo confidenciávamos e se fosse preciso também nos chantageávamos. 
— Se você não fizer isso pra mim, eu vou contar pra o pai o que você fez!
Essas frases sempre existiam entrem nós. Sem contar, que eu a traumatizei por assusta-la no escuro dizendo:
— Olha a bruxa! kkkkkkkkk - Ela chorava... 
Era ela que sempre me ouvia, me abraçava quando eu chorava de tristeza, me entendia e dizia que eu devia ser cientista. A vida foi passando, e cada uma se moldando a sua maneira, cada uma em suas fases e escolhas, mas continuamos a ser confidentes, amigas, companheiras. Hoje, entre nós, há as recordações e  a aceitação da outra exatamente como ela é. 
Se eu tivesse que escolher uma irmã, com certeza escolheria você. Você veio pra minha vida sem escolha. E dizem por aí, que as amigas são irmãs que escolhemos. Você é a irmã que escolhi como amiga. Eu sei, que eu posso contar e confiar em você pra tudo! Eu Te Amo Demais!

 À Elaneida


Élida Regina

sábado, 18 de maio de 2013

O arquiteto e a moça da papelaria



Lá vem ele, tranquilo andando pela rua, feição serena, ninguém imagina quem ele é. Ninguém sabe que ele oferta por aí a indiferença e que cada pessoa que se aproxima, sente a dor de ingerir uma grande quantidade de gelo de uma vez. Cheio de pompa, desfilando sua arrogância em poses e vestimentas de insolência, tentando outros diminuir. Caminha tranquilo, exalando hostilidade e despertando o ódio (em mim).

Ninguém sabe o que ele fez com a moça da papelaria.  Moça simples, mas com sentimentos extremistas, sempre com vertente pro bem. Não entendia o que era malfeitoria e caiu na armadilha, do moço do desdém. 
Chegou com a doçura do açúcar, cheio de candura, com a cara de pau mais dura que eu já pude conhecer e perguntou:

— Não consigo encontrar os lápis para desenho. Pode me ajudar? sorridente ela respondeu.
— Claro! Qual a numeração que o sr. quer?
— Ah! Por favor, pode me chamar de Ricardo.—ela sorriu, meio sem jeito.– Quero o número 9, por favor.
— Aqui está! 
— Obrigado! Como posso lhe chamar?
— Luiza.
— Obrigado Luiza, foi muito gentil! – ela simpática e sorridente, respondeu:
— Por nada, volte sempre e quando precisar me procure!
— Procurarei! - respondeu olhando em seus olhos.

Seguiu em direção ao caixa. Enquanto seguia pensava na beleza de Luiza. Pagou o lápis e seguiu em direção ao escritório.

Ricardo Paiva era um arquiteto reconhecido, que por um relapso da funcionária, acabou precisando ir a papelaria. Não era algo que ele fazia. Não era gentil no seu dia a dia. Era um ambicioso desmedido. No escritório, enquanto desenhava e criava, era interrompido pela lembrança da moça da papelaria. 

No final do expediente, Ricardo, no caminho de volta pra casa, dirigia seu carro no transito infernal de São Paulo, como se ele estivesse no 'automático'. Começou a tentar encontrar uma desculpa, para que ele pudesse rever Luiza. Pensava, em espera-la na saída da papelaria, mas não sabia que horas ela saia. Até aí é fácil, pensou ele, posso ligar e perguntar a que horas a papelaria fecha, mas, o horário dela pode ser diferenciado. Pensou em pedir para um funcionário perguntar discretamente, mas ele não poderia se expor dessa maneira.  Entre uma ideia e outra, ele não sabia porque a inquietação diante da beleza de Luiza, afinal,  ele convivia com mulheres belíssimas, cultas e interessantes. Não demorou muito para despertar em seu pensamento a pergunta que demonstrava sua mesquinhez. 

Como eu, E-U, posso estar eufórico por conta de uma simples funcionaria de uma papelaria? Com certeza sua vida é medíocre, nada tem a oferecer , deve ser um objeto oco. Isso passa!-Em voz alta ele concluiu seu raciocínio.
— Tenho que fazer caridade! - continuou a pensar em como rever Luiza.
Enquanto Ricardo convive com as interrupções de Luiza em seu pensamento, ela tranquila transita entre papéis, lápis e tesouras. Não tem grandes preocupações com o futuro, se sente feliz sem grande infortúnio.
Luiza Rodrigues, esse é o seu nome, exala tranqüilidade. Sua vida segue uma maré tranquila, sempre na mesma rotina. Acorda as seis e meia, usa quarenta minutos para sua higiene pessoal, em cinco minutos toma uma xícara de café, que sua mãe preparou e as sete e quinze, ela sai. 
Caminha dezoito minutos até a papelaria. As sete e trinta e três ela entra na papelaria e segue até a área restrita para funcionários, onde ela coloca seu uniforme, se arruma e segue ao atendimento da papelaria as sete e cinqüenta e oito. Oito horas em ponto, lá está ela pronta para começar. Todos os dias a mesma rotina.Vivendo assim, Luiza nem desconfiava que marcava presença em uma mente asquerosa. 
Dificilmente Luiza se encantava por alguém, mas sempre que pensava no futuro, a via vivendo bem. Viver bem pra ela, era uma vida simples. Era chegar a velhice acompanhada. Com filhos, um lar simples pra descansar e nenhum problema de saúde pra atrapalhar. 
Já havia se passado nove dias, desde o dia que Ricardo apareceu na papelaria. Se sentia incomodado, por tantos dias sem ter conseguido encontrar com ela. Mas, seu plano já estava traçado. Todo mundo sabe como o egoísmo fere. Ricardo estava disposto a ferir com o seu. Não conseguia pensar em mais nada, que não fosse ele mesmo. Pra ele, Luiza era um objeto vazio, onde ele poderia usar. Não conseguia imaginar nada bom nela. Mal sabia ele, que embora ela fosse simples, ela era demasiado humana. Sempre prestativa, guerreira, não deixava que qualquer coisa a derrubasse. Vivia para sua família. 
Como eu já disse, ela exalava tranqüilidade. Mas não é por isso, que estava isenta de agitações e problemas.Chega então, o problema pra vida de Luiza.
Saindo da papelaria, ela nem imaginava que Ricardo (nome que ela nem lembrava mais), estava a sua espera. Ele havia estacionado seu carro a quinze metros da papelaria e ficado na banca de jornal, disfarçando, lendo por umas duas horas. Da forma mais óbvia, ele se aproximou dela. 
Carregando algumas revistas que havia comprado na banca, quando a viu sair atravessou correndo como se não a tivesse visto. Por sorte dele, ela vinha na direção que ele estava, então, foi fácil esbarrar nela e derrubar todas as revistas. (Essas cenas que aparecem em filmes e muitas mulheres quando vivem isso na vida real... Suspiram)
Quando Luiza viu as revistas no chão, imediatamente pediu desculpas, sem olhar em seu rosto, e abaixou para ajudar a recolhê-las. Foi aí que ele começou a agir.
— Luiza?!
Ela olhou espantada e em algum segundos lembrou do seu rosto.
— Se lembra de mim? 
— Você esteve na papelaria há alguns dias. Eu me lembro sim! Sorriu.
— Tudo bem com você? Que coincidência esbarrar contigo! 
— Tudo bem! Pois é... Me desculpe!
— Ah! Não precisa se desculpar, a culpa foi toda minha! Está indo pra casa? Perguntou subitamente pra não deixar ela escapar.
— Sim, estou indo pra casa! Não lembro o seu nome...
— Luiza... esqueceu o meu nome? Isso é grave, afinal, eu não esqueci o seu.
— Me desculpe, mas são muitos clientes na papelaria.
— Posso desculpar, mas se você aceitar tomar um café comigo. - Luiza achou estranho. 
Ela não via beleza nessas cenas cinematográficas, consequentemente, não suspirava como muitas mulheres, com essas falsas coincidências.
— Me desculpe, mas estou muito cansada. Quem sabe numa outra oportunidade? 
— Ah! Vamos lá! Prometo que não vai demorar! - olhava em seus olhos com ternura (uma falsa ternura, mas até aí ele atuava bem).
— Sinto muito. Tenho minha família a minha espera.
— Ah, não seja tão dura comigo, sou uma pessoa bacana. Você vai gostar de me conhecer.
Luiza se focou na palavra conhecer e achou interessante integrar alguém a sua história. Meio sem ânimo, ela disse:
— Tudo bem... Vou ligar para minha família e dizer que chegarei mais tarde.
— Ótimo! 
Enquanto Luiza fazia a ligação, ele aguardava ao lado eufórico, confiante que sua astúcia iria funcionar. Tudo estava arquitetado, afinal, arquitetura era sua especialidade. Mesmo sendo clichê, suas palavras eram convincentes.
— Pronto! Podemos ir. - disse ela de uma forma simpática.
— Meu carro está a alguns metros daqui.
— Tudo bem! Vamos...
Caminharam juntos até o carro e enquanto caminhavam ela descobriu seu nome e que era arquiteto. Em cinco minutos de carro, chegaram a um café. Lá, ele se mostrou encantador à Luiza. Mentiu e mentiu muito. Se mostrou uma pessoa simples, prestativa, totalmente do bem.
Ela que nunca se encantava. Se encantou. Entre conversas, risos e olhares, um café e outro, ele sentia que seu objetivo estava sendo atingido. Ela, nem desconfiava que estava sendo laçada por um plano maldoso. Acontece, que ele também não imaginou, que Luiza era encantadora. Diferente do que ele pensou, ela não era um objeto oco. Os dois ali, naquele café, se envolviam num encantamento, que tudo já não soava tão falso. Mas, não podemos esquecer, que Ricardo se mostrou o melhor dos humanos. Embora, ele não fosse assim no dia a dia, com ela, ele sentia que era real. E o tempo foi passando enquanto eles sorriam. 
Quando ela olhou em seu relógio, viu que já estava tarde, e disse:
— Ricardo, foi muito bom estar aqui com você, mas preciso ir. Está tarde e trabalho logo cedo!
— Lamento, mas te acompanharei até a sua casa.
— Tudo bem! Aceito a oferta!
Seguiram. No caminho, Luiza orientava a localização. Quando chegou, ela agradeceu,  deu um beijo caloroso em seu rosto e desceu.
Ele, extasiado, seguiu, sem acreditar que fora surpreendido! Afinal, ela não parecia um objeto vazio.
No dia seguinte, ao acordar a primeira coisa que ocorreu em ambas as mentes, foi um ao outro. O dia prosseguiu como de costume, cada um a sua maneira, mas cada um com o pensamento no outro. No fim da tarde, Ricardo sentia vontade de falar com ela. Foi aí, que impulsionado pela ansiedade, ligou na papelaria.
— Oi Luiza, me desculpe te ligar, mas precisava ouvir a sua voz!
— Que bom que ligou! Mas da próxima vez, pode ligar no meu celular. - Passou o número, marcaram o segundo encontro.
No mesmo dia, se encontraram envoltos em ansiedade e desejo. Os dois já desconfiavam que estavam apaixonados.  Se encontraram em frente ao café. Não esperaram nada. Ao cruzarem os olhares, os sorrisos e os braços se abriram. Enlaçaram-se um no outro e beijaram-se com ardor. Nenhuma palavra foi dita.
Ao notarem o que havia ocorrido, caíram na gargalhada, felizes!  Luiza o surpreendeu, dizendo:
— Vamos pra um lugar mais reservado?
Ricardo a puxou pela braço, se sentindo o mais felizardo de todos os homens! Foram ao hotel mais chinfrim da cidade e nem se incomodaram com o cheiro de mofo que inebriava o lugar. Se amaram com gemidos, sussurros e declarações. Depois, se olharam e confessaram um ao outro que estavam apaixonados. Riam muito. Transbordavam seus excessos. Nesse momento nada importava, nada era levado em consideração a não ser os dois e aquele mágico momento. 
Já se passava dois meses de pura alegria, carícias e afins. Ricardo ligava varias vezes ao dia para conversar, sempre doce e amável. Marcava os encontros sempre em frente ao café. Uma vez e outra, ligava na ultima hora para desmarcar, por compromissos inusitados. Luiza nunca entendia o que era, mas não se incomodava. 
Num sábado de abril, Luiza  estava de folga e logo que acordou recebeu a doce ligação de Ricardo. Ligou pra ela, dezoito vezes nesse dia. Todas as vezes, reforçava o encontro que teriam a noite. Chegou o momento. 
São oito horas da noite e ela segue até o café. Não o encontra. Aguarda... Liga em seu celular, mas ele não atende. Ela começa a se preocupar, várias catástrofes passam em sua mente. Já se aproximava às nove horas quando ela recebeu uma mensagem de texto, que dizia:

           DEPOIS EU TE LIGO!

Luiza, que sempre ficava tranqüila, se irritou profundamente e começou a ligar. 
Ele, simplesmente não atendia. Ela então, decidiu prosseguir a conversa por mensagem de texto:

LUIZA: está tudo bem?
RICARDO: não estou me sentindo muito bem!
LUIZA: mas o que você tem?
RICARDO: não tenho vontade de sair de casa!

Ao ler tal mensagem, foi tomada por uma lucidez. Naquele instante, ela pode perceber que Ricardo escondia algo. E mesmo que doesse, precisava tomar uma decisão  importante.  Por mais que ela fosse uma moça simples, tinha suas convicções do que não queria pra si. Escreveu pra ele: 

LUIZA: Nesse momento acabo de perceber que existe algo estranho em você. Não é a primeira vez que você me dá indícios, mas só agora pude perceber o quanto você é mesquinho. Definitivamente não é isso que eu quero pra mim.
RICARDO: Não te pedi opinião nenhuma sobre mim!

Ela, teve certeza que acabara de tomar a decisão correta. Não o veria nunca mais. 
Seguiu do café até sua casa, triste, engolindo o choro e lamentando a paixão ser tão fugaz. Chegou em casa e se deitou, pronta pra dormir do mesmo jeito que estava, pra esquecer a dor que a afligia. As lágrimas começaram a molhar seu rosto e travesseiro. Abraçada a tristeza, dormiu. Mas, algumas horas depois, foi despertada pelo som do telefone celular. Quando pegou o telefone, viu que quem ligava era Ricardo e imediatamente desligou. Mas, ele insistiu, e ela atendeu. Era uma hora e trinta e cinco minutos da madrugada.

— Alô.
— Não quer falar comigo?
— Não temos mais nada pra conversar.
— Olha, eu saí pra caminhar e pensar. Concluí, que você é uma pessoa incrível e gostaria muito de tentar algo com você. Eu sei que eu não fui legal com você, mas gostaria que me desculpasse.
— Eu desculpo! Mas definitivamente você não é a pessoa que eu quero na minha vida. Você demonstrou a falta de respeito que você tem por mim hoje, só que, eu me respeito.
— Você  acaba de me entristecer.
— Sinto muito.

Ricardo realmente achava Luiza especial. Mas sua arrogância e ambição falava mais alto.

Passaram-se dois dias e Ricardo telefonou pra ela:

— Oi, estou ligando só pra dizer que quero muito que seja feliz. E talvez comigo não seja  possível.
 — Não se preocupe. O que mais quero é ser feliz. E SEREI!

Continuaram se tratando educadamente, deixando claro que a paixão acabara, mas podiam se comunicar. Ele continuava a ligar pra ela, como se fossem bons amigos. Perguntava como estava e fim.
Alguns dias depois da relação cordial, ele ligou pra ela, lamentando o fato de tê-la perdido e disse que faria tudo para tê-la.  E continuou:

— Luiza, eu preciso vê-la! Quero que esteja em frente ao café em uma hora.
— Me desculpe, mas não irei! - respondeu ela.
— VOCÊ VAI! - gritou ele e desligou o telefone.

Ela ficou meio surpresa com a reação, mas já tinha sua decisão. Passou meia hora e seu telefone tocava ininterruptamente. Quando ela atendeu, ele disse aos berros:

— VOCÊ NÃO ME ATENDEU POR QUE?
Ela não acreditava que aquela pessoa era a mesma que ela havia conhecido. Sentia a sua voz agressiva, sentia que se não fosse por telefone a conversa, provavelmente seu físico seria atingido por essa agressividade. Ela, nada respondeu.
— Já estou chegando, onde você está?
— Já disse que não vou! Acabou! -disse ela.
— Não... Você só pode estar tirando uma com a minha cara! Quer saber? Com você, tudo que rolou foi sexo. E dos piores! Você não é mulher pra mim mesmo! Você é oca, uma vagabunda, sem classe!

Luiza ouviu isso, sem acreditar que era real. Infelizmente era. Ela foi se desligando, sentia sua pressão desaparecer e disse com uma voz bem calma:
— Tchau Ricardo! - desligou o celular, retirou o chip e jogou no lixo, simbolizando o fim de uma paixão intensa. 
Ela, sentia uma profunda dor por cada palavra escutada.
Ele, sentia raiva por cada palavra dita, mas seu orgulho e arrogância não permitia uma tentativa de concerto. Afinal, ele era isso!
Ela, extasiada, não acreditava no que vivera. Jamais imaginou passar por tamanha violência. Se recompôs e foi ser feliz.

Ele, entre sorrisos e abraços, comprimentos com afagos, lá está ele fingindo que se importa, representado o bom da corja. Entre aquela gente, que o outro nem sente e sempre mente, pra reverter, tudo que de fato é. Todo eloquente vomitando palavras que o favorecem, mascarando, sua verdadeira identidade. Circula com ar de caridade, sem ninguém perceber sua maldade.

Élida Regina