sexta-feira, 24 de maio de 2013

Brigite, a enfezadinha!

Brigite era cheia de pose. Nunca sorria, tinha uma fala embrutecida, sempre com o pavio na venta. Quando se punha a falar era um discurso esbravejando sua fúria e ódio, com sua vida e todos que estavam a sua volta. Provocava sentimentos ambíguos nas pessoas. As vezes o público de seu discurso caia na gargalhada, outras vezes, era um constrangimento generalizado.
Brigite dava aulas de matemática para jovens e adultos. Tinha uma turma, onde os alunos tinham em media quarenta anos e eram questionadores. Reclamavam de tudo e de todos. Nenhuma aula era boa, nenhum professor era legal, não conseguiam aprender nada, e além disso estavam sempre metidos em confusões. Era a turma do barulho, literalmente.
Inicio de semana, segunda feira, Brigite, mal humorada como sempre, e sem vontade nenhuma de trabalhar, vai até a sala de aula e encontra aquele buchicho. Não diz nem boa noite, começa escrever na lousa enquanto o auê acontece  em suas costas. Ela finge que não vê e nem ouve.
O buchicho era por conta da pintura que havia sido feita na sala de aula, no final de semana. Os alunos consideraram que o cheiro de tinta estava forte, podendo os fazer mal. O representante de sala, sem pedir licença  à professora, foi até a direção, avisar que estavam se sentindo mal por conta do cheiro. A direção disse que tomaria providências. Brigite fingiu que não estava vendo nada. Os alunos, ansiando voltar pra casa, diziam que estavam cansados do dia trabalho e ainda questionavam porque tinham que ficar naquele cheiro forte de tinta que fazia a cabeça doer?!
A solução veio um pouco diferente do que eles pensavam, então eles NÃO perceberam que era a providência da direção. Faltavam uns quinze minutos para finalizar a aula de Brigite, que não havia aberto a boca, nem dirigido o olhar para a sala. Continuava a escrever na lousa, quando o  inspetor chegou na porta, pediu licença  e disse:
— Pessoal,  peguem o material e vão para a sala de vídeo!
Eles rapidamente guardaram tudo e foram. Brigite cheia de ódio, também foi. Chegou na sala de vídeo e não disse nada, continuou emburrada e sentou.
Todos os alunos olhavam pra ela e ela os encarava com um olhar matador. Faltavam dois minutos para finalizar a aula quando um corajoso perguntou:
— Professora, não vai passar um filme pra nós?
Ela enfurecida com a pergunta, respondeu com muita raiva, soltando fogo pelas ventas:
— Eu já estou vendo um filme, e se chama... O INFERNO DA MINHA VIDA! 
O sinal tocou. Fim da aula. Momento oportuno para ela se retirar  e outro buchicho começar.

Élida Regina

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