terça-feira, 7 de maio de 2013

A visita de Dorival Caymmi


Recebi uma ilustre presença em minha casa esta noite. Fiquei lisonjeada quando chegou e se apresentou. Se apresentou como "um certo Dorival Caymmi" e eu fique ali, estática, como se todos os meus órgãos houvessem evaporado. Me senti leve, apenas o olhando.
Agiu como se fosse o mais íntimo dos amigos. E eu, envolvida, encantada, ouvia sua narrativa e observava sua interpretação na mesma. Cá comigo eu pensava: Que encanto! E ele, me envolvia, sem nada de mim perguntar. Me contou sua trajetória no rádio e disse que era cantor do mar. Eu, mergulhada no mar do encantamento, não conseguia piscar.
Disse que conheceu Carmem Miranda, contou como a achava bonita e cantou pra mim, como cantou pra ela.
- "Quando você se requebrar, caia por cima de mim, caia por cima de mim!" Sorria, encenava... Lindo, Lindo!
Meus olhinhos brilhavam sorrindo.
Me contou sobre seu amor por Stella Maris, seu namoro de jardim, o pedido de casamento e como Stella Maris se tornou Caymmi. As palavras, ali. Flutuava naquele mar de inspiração. Sorrindo, me mostrou seus desenhos, falou sobre desejo de cinema, suas atuações como ator, sua espontaneidade de compor e ali... Oitenta anos de vida, resumidos numa imagem-poesia.
Expressou seu amor por itapuã, me mostrou seu gracioso sorriso e foi...
E eu fiquei, com o coração esfacelado, numa nostalgia sem fim.

Élida Regina

Texto publicado no projeto palavra é arte- poesia 100 ed.

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